Texto original de Rodrigo Souza no facebook em
https://www.facebook.com/groups/btcbr/permalink/1031509796859188/Reproduzido aqui com autorização do autor.
Texto integral sem modificações (apenas adicionei as quebras de linhas)
"Uma breve história sobre o mercado Americano de Bitcoins.
Em 2011, a TradeHill exchange foi lançada e rapidamente se tornou a exchange #1 nos EUA e #2 no mundo, logo após a MtGox. Apesar deles serem muito profissionais, eles eram extremamente cautelosos com todas as leis, mesmo não tendo nenhum aval de nenhum regulador, pois naquela época os orgãos reguladores não tinham sequer se atentado para o Bitcoin, eles seguiram operando, exchange profissional, compliance bom, e um bom plano de referral. Os lucros não eram grandes, pois a moeda valia pouco.
Devido a falta de entendimento dos orgãos regulatórios, e a falta de uma entidade para fazer a ponte entre os empreendedores e os reguladores, então que em Setembro de 2012, surgiu a Fundação Bitcoin.
Não demorou muito para que em 2013, o trabalho da Fundação surtisse efeito, e a FinCEN, sob influência da Fundação Bitcoin, determinasse que exchanges de bitcoins precisariam então de uma licença de Money Transmission não só no nível federal, mas como também em nível estadual. E foi neste exato momento que Jered Kenna decidiu encerrar as atividades e devolver centavo por centavo para os clientes. Motivo: O custo para se adequar as regulações e o tempo para conseguir licenças em todos os estados tornaria o negócio totalmente inviável.
Tiveram empresas que na época aplaudiram o FinCEN, pois acreditaram que eles conseguiriam ter as licenças rapidamente, e lógico, se não tivesse nenhum player estabelecido, eles logo poderiam dominar o mercado, entre eles se destacam a CoinX.com, que já estavam adiantados e possuiam 14 licenças de money transmission, e resolveram ir pelo caminho regulatório.
Investiram mais de 2 milhões de dólares para conseguir licenças em todos os estados, e ainda assim até o presente momento não possuem licenças em todos os estados. Obviamente, vocês nunca devem ter escutado falar da coinx exchange, pelo simples motivo de que todo o apoio deles para os reguladores resultou nada mais nada menos do que um bom cacto no meio da bunda deles, e eles tiveram de então pivotar o business deles. Em suma, jogaram dinheiro dos investidores no lixo.
Mas teve uma coisa que o FinCEN não deixou claro, que foi a compra e venda direta de bitcoins, de uma empresa para uma pessoa. Em suma, eles disseram, que as pessoas que quisessem negociar entre elas, elas não precisariam de licença, e isso abriu espaço para empresas como GoCelery.com, Coinbase.com, Circle, e diversas casas de corretagem, que apesar de serem uma exchange no fundo, não permitiam custódia dos dólares dos clientes.
Vários empreendedores surgiram depois, arrumando ideias de como dobrar as leis, fazendo empresas fora dos EUA, com contas bancarias fora dos EUA, como por exemplo a coinsetter, que tem todos os funcionários nos EUA, mas empresa constituida em Malta, com conta bancária em Malta. Não obtiveram o sucesso esperado, uma vez que o cliente comum americano não está disposto a fazer uma transferência internacional para comprar bitcoins, e aqueles que estão, simplesmente utilizariam uma exchange com mais liquidez, como Bitstamp, MtGox e BitFinex.
Como todos sabiam que as regulações da FinCEN não se aplicavam aos bancos, todo mundo sabia que para se ter uma exchange de bitcoins operacional nos EUA, ou você torrava 2 milhões de dolares e não teria a certeza de que teria ou não as licenças, ou então simplesmente comprava um banco
Não demorou muito para que a itbit, empresa cujo os fundadores nunca esconderam o total apoio deles para os reguladores comprassem um Banco, e sim, de facto lançassem a primeira exchange nos EUA em total conforme com os reguladores.
Neste mesmo tempo a coinbase tinha contratado secretamente o Roman Shtylman para desenvolver sua exchange. Para quem não conheçe o Roman, ele era o fundador da BitFloor, uma exchange que operava em Nova York, e teve sua exchange misteriosamente hackeada em 24k btc, e depois teve sua conta bancária fechada pelo BofA, encerrando assim suas operações.
O Coinbase, diferente de todas as outras exchanges, optou por um caminho diferente. Eles, que já tinham a maior base de clientes nos EUA, foram então atrás de investidores pesados e resolveram abrir a exchange deles, dizendo que eram regulados, mas sem ter absolutamente nenhuma licença. Aplicaram para as licenças e operam como se tivessem as licenças, porém ainda não tem. Optaram pelo famoso caminho, pedir desculpas ao invés de pedir licença.
Cabe lembrar aqui que os Irmãos Winkevloss, que desde o principio quiseram agir conforme as leis, e nunca apoiaram as regulações, optaram também pelo caminho de conseguir sua própria licença bancaria, ao invés de comprar um banco ou aplicar para as licenças de Money Transmission. Estão até hoje tentando. ( Pessoalmente falando, eu torço pela Gemini exchange, pois eles possuem o mesmo incentivo que os bitcoiners, que é o de fazer o bitcoin ser bem sucedido, e não de fazer uma exchange bem sucedida )
A razão pela qual eu resumi bem a história aqui, é para evitar que no Brasil se repitam os mesmos erros no Brasil. Nos EUA, o excesso de regulação, fez com que empresas levassem o trading de bitcoins para fora dos EUA, especificamente Europa e Hong Kong. Fizeram com que o mercado P2P, que é impossível de regularizar fosse 2x maior do que o mercado regularizado, e afastaram a inovação para fora dos EUA.
"