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March 13, 2013, 10:44:26 PM |
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Há traços "bancofóbicos" e conceitos dos quais discordo nos comentários acima.
1- Bancofobia ("banks are bad,mmmmkay??") - Bancos que operam fiat currency em reserva fracionária, conectados a um Banco Central que escolhe uma determinada taxa de juros são ruins. São os primeiros a receber o dinheiro recém-criado, e disto obtêm grande benefício às custas da sociedade.
Por outro lado, o serviço de conectar poupadores e tomadores de empréstimos é importante e creio que sempre existirá. Num sistema de livre concorrência, facilidade para abrir empresas, desregulamentação, os spreads bancários seriam baixos. O rendimento seria mais próximo das taxas cobradas aos tomadores de empréstimo (descontada inadimplência). Haveria poucas agências bancárias, a busca por corte de custos seria insana.
Alguns têm dinheiro para investir, outros têm um problema urgente de saúde na família, uma oportunidade única de negócio ou simplesmente preferem um prazer x hoje para pagar x+1 amanhã. Os bancos conectam essas pessoas e cobram pelo serviço. Quanto maisor a concorrência, melhor farão e menos cobrarão pelo serviço.
Essa "bancofobia" só se explica pela visão de banco que temos de 1913 para cá: criam dinheiro do nada, oligopólio, regulamentação extrema, taxas e tarifas absurdas, bancos centrais gerando bolhas, ciclos e inflação; garantias mínimas para quem oferece empréstimo (sua excelência, o caloteiro) etc.
2 - Num sistema livre, tendo bitcoin como moeda, haveria bancos alavancados?
Provavelmente SIM. A alavancagem está presente em quase tudo em nossa vida. O dono do restaurante tem 80 cadeiras, mas só mantém 20 latas de sprite. Ele sabe que é muito raro que muitos clientes demandem esse bem num curto período, e como há um custo (espaço, freezer, eletricidade) em estocar sprite, ele mantém um estoque reduzido. se for uma churrascaria, por outro lado, o estoque de carne precisa ser alto, sob pena de perda da reputação. Companhias aéreas fazem overbooking, mas não podem permitir que isso seja exageradamente frequente. Médicos marcam mais pacientes, porque sabem que alguns faltarão, mas não podem permitir esperas de 4h regularmente.
Deste modo, é possível (e provável) que um banco de bitcoins empreste mais BTC do que ele possui em patrimônio, usando os BTC dos depositantes, já presumindo que eles não sacariam os mesmos. Isso permitiria oferecer taxas menores de empréstimo e maiores de rendimento e se manter lucrativo, vencendo a concorrência. Isso não é imoral. Os 2-3% dos depositantes que eventualmente pedirem seus BTC terão seus valores redimidos sem problema num determinado dia. O risco? Perda de confiança, saques súbitos e prejuízos, atrasos na entrega dos BTC ou até mesmo falência.
O próprio mercado regularia isso e o banco de BTC que, dentre outros fatores, encontrar a taxa ideal de alavancagem, entre segurança e lucratividade, irá prosperar. A redução na taxa de empréstimos estimularia os empreendedores e o aumento na remuneração dos investimentos estimularia os poupadores. A sociedade inteira se beneficia.
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