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Author Topic: [TRADUÇÃO] Len Sassaman e Satoshi: Uma história cypherpunk  (Read 91 times)
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Depois de um bom punhado de tempo sem trazer algum novo tópico para nossas bandas, comecei a pensar sobre algum material diferente e interessante pra fazer a vez e... nada melhor que uma bela história investigativa, informativa e, por que não, especulativa?!?

Seguindo esta linha, me lembrei de um artigo escrito há alguns anos sobre um possível candidato ao posto de Satoshi. A história não é muito difundida aqui no fórum (ainda que tenha sido mencionada em algumas oportunidades e tenha surgido em alguns portais), também encontrei pouquíssimas menções ao artigo original e, decerto, alguns "gaps" podem ser encontrados ao longo do fio (chegaremos a eles no final) mas creio que, antes de qualquer coisa, estamos falando de alguém que ajudou diretamente nos estudos e construção da base criptográfica que temos hoje, pavimentando a criação do Bitcoin e de tantas outras tecnologias. Sem mais delongas, vamos ao texto:


Título: Len Sassaman and Satoshi: A Cypherpunk History
Título (traduzido): Len Sassaman e Satoshi: Uma história cypherpunk
URL original: https://evanhatch.medium.com/len-sassaman-and-satoshi-e483c85c2b10
Autor original: evanhatch.eth

Í N D I C E

0. Prefácio
1. Perdendo Satoshi
2. Origens
3. PGP
4. Hal Finney
5. Remailers
6. Adam Back
7. Chaum e COSIC
8. Pesquisa de Len
9. Satoshi como acadêmico
10. Satoshi na Europa
11. Redes P2P
12. Hacktivismo
13. Fim
#. Conclusão/Questionamentos



Perdemos muitos hackers por suicídio. E se Satoshi fosse um deles?

Há um obituário embutido em cada node da rede Bitcoin. Incluído em dados de transações, é um memorial a Len Sassaman, um homem essencialmente imortalizado na próprio blockchain. Uma homenagem digna em mais de um aspecto.


Len era um verdadeiro cypherpunk - em partes iguais brilhante, irreverente e idealista. Ele dedicou sua vida à defesa das liberdades pessoais por meio da criptografia, trabalhando como desenvolvedor da criptografia PGP e tecnologia de privacidade de código aberto, e como criptógrafo acadêmico pesquisando redes P2P sob o comando do inventor de blockchain, David Chaum.

Ele também foi um pilar da comunidade hacker: um amigo e influência para tantas figuras importantes na história da segurança da informação e das criptomoedas.



1. Perdendo Satoshi 

Ao que tudo indica, Len estava a caminho de se tornar um dos criptógrafos mais importantes de seu tempo. Mas em 3 de julho de 2011, ele tragicamente suicidou-se aos 31 anos, após uma longa luta contra a depressão e distúrbios neurológicos funcionais.

Sua morte coincidiu com o desaparecimento do cypherpunk mais famoso do mundo: Satoshi Nakamoto. Apenas dois meses antes da morte de Len, Satoshi enviou seu aviso final:

Quote
"I’ve moved on to other things and probably won’t be around in the future".

Mudei para outras coisas e provavelmente não estarei por perto no futuro.

Após 169 commits de código e 539 postagens em um ano, Satoshi desapareceu sem explicação. Eles deixaram para trás uma tonelada de recursos inacabados, debates acalorados sobre sua visão para o Bitcoin e uma fortuna ainda intocada de US$ 64 bilhões em BTC.

Perdemos muitos hackers por suicídio. Aaron Swartz. Gene Kan. Ilya Zhitomirskiy. James Dolan. Todos são vítimas do estigma e de uma epidemia que afetou o próprio progresso tecnológico. Imagine se o criador do Bitcoin tivesse morrido muito antes de poder realizá-lo. E se isso fosse verdade, o que teriam dado ao mundo se tivessem sido tratados com o respeito e a dignidade que mereciam?


Hesito em especular sobre a identidade de Satoshi, já que o discurso geralmente varia de equivocado a totalmente idiota e antiético. Mas como Craig Wright afirma fraudulentamente que é responsável pela criação do Bitcoin, é importante revisitarmos o tópico e reacendermos a discussão sobre os cypherpunks que realmente construíram o Bitcoin.

Quem quer que fosse Satoshi, ele essencialmente estava “sobre os ombros de gigantes” – o Bitcoin foi o culminar de décadas de pesquisa e discussão acumuladas dentro da comunidade cypherpunk. Neste sentido, Len foi claramente um contribuidor indireto. Ainda assim, é preciso perguntar quem realmente escreveu o código, executou o primeiro node e postou sob o pseudônimo de Satoshi.

Para resumir e implementar a miríade de ideias nas quais o Bitcoin se baseou, esta pessoa ou grupo de pessoas precisaria de uma combinação única de conhecimentos em infra-estrutura de chave pública, criptografia acadêmica, concepção de redes P2P, arquitetura de segurança prática e tecnologia de privacidade. Eles provavelmente estariam profundamente enraizados na comunidade cypherpunk e próximos das figuras que provaram ser uma grande influência nas criptomoedas. Afinal de contas, eles teriam precisado da convicção ideológica e do espírito hacker para “arregaçar as mangas” e desenvolver anonimamente uma versão real de ideias que anteriormente tinham sido relegadas ao domínio da teoria.

Ao refletir sobre a vida de Len, vejo muitas dessas mesmas características e acho que há uma possibilidade real de Len ter feito uma contribuição direta para o Bitcoin.

Dada a atenção sem precedentes que a criptomoeda está recebendo, espero poder chamar a atenção para um dos “heróis anônimos” a quem devemos reconhecimento. Espero também que possamos refletir sobre a enorme importância do tratamento das doenças mentais e, em particular, das perturbações neurológicas funcionais, que merecem muito mais atenção.



2. Origens 


Mesmo em sua juventude, Len era um tecnólogo autodidata interessado em criptografia e desenvolvimento de protocolos. Apesar de morar em uma pequena cidade na Pensilvânia, aos 18 anos Len era membro da Internet Engineering Task Force (Força-Tarefa de Engenharia da Internet) responsável pelo protocolo TCP/IP que sustenta a Internet e mais tarde a rede do Bitcoin.

“Sempre um menino estranho porque era inteligente”, Len foi diagnosticado com depressão quando era adolescente. Infelizmente, ele sofreu experiências traumáticas nas mãos de psiquiatras “quase sádicos”, experiências que provavelmente levariam alguém a suspeitar de supostas figuras de autoridade.

Em 1999, Len mudou-se para a Bay Area e rapidamente se tornou um membro regular da comunidade cypherpunk. Ele foi morar com Bram Cohen, criador do Mojo e do Bittorrent, e foi contribuidor da lendária mailing list Cypherpunk, na qual Satoshi primeiro anúncio o Bitcoin. Outros hackers se lembram dele como inteligente e tranquilo, perseguindo um esquilo em uma reunião cypherpunk e correndo em um carro esporte com um cartão 'Get Out of Jail Free (Saída livre da prisão)', caso fosse parado.

Em SF, Len se dedicou a defender as liberdades pessoais e a privacidade por meio de ação direta tecnológica e política. Aos 21 anos, ele ganhou as manchetes por organizar protestos contra a vigilância do governo e prender o hacker Dmitri Skylarov.



3. PGP 

No início de sua carreira, Len se destacou como uma autoridade em criptografia de chave pública – a base do Bitcoin. Aos 22 anos, ele deu palestras em conferências e fundou uma startup de cripto de chave pública com o famoso ativista de código aberto Bruce Perens.

Depois que a startup entrou em colapso após a bolha das pontocom, Len se juntou à Network Associates para ajudar a desenvolver a criptografia PGP, central para o Bitcoin. Trabalhando no lançamento do PGP7 em 2001, Len configurou testes de interoperabilidade para implementações do OpenPGP, o que o colocou em contato com muitos pioneiros importantes da criptografia. Len também contribuiu para a implementação do OpenPGP no GNU Privacy Guard e trabalhou junto com o inventor do PGP, Phil Zimmerman, para inventar um novo protocolo criptográfico.

Ao apresentar o Bitcoin, Satoshi disse que esperava que o Bitcoin pudesse ser “a mesma coisa para o dinheiro” que a criptografia forte (ou seja, PGP) era para proteger arquivos.

Quote
A generation ago, multi-user time-sharing computer systems had a similar problem. Before strong encryption, users had to rely on password protection…
Then strong encryption became available to the masses, and trust was no longer required. … It’s time we had the same thing for money.


Há uma geração, os sistemas de computadores multiusuários com compartilhamento de tempo enfrentavam um problema semelhante. Antes da criptografia forte, os usuários dependiam da proteção por senha...
Então a criptografia forte tornou-se disponível para as massas e a confiança não era mais necessária. … É hora de obtermos o mesmo para o dinheiro.



4. Hal Finney 


Na Network Associates, Len trabalhou com Hal Finney no PGP. Finney foi o segundo desenvolvedor do PGP e ajudou a desenvolver o padrão RFC 4880 para interoperabilidade com o OpenPGP. Ele também foi o primeiro e mais importante contribuidor do Bitcoin depois de Satoshi:


Não é de surpreender que Finney seja um dos candidatos mais populares a Satoshi, embora isso implique que Finney falsificou suas extensas interações por e-mail com Satoshi e, ao mesmo tempo, contribuiu para o Bitcoin com seu nome real e uma identidade falsa separada. Finney também continuaria trabalhando no Bitcoin muito depois que Satoshi "seguiu em frente" em 2011.



5. Remailers 

Len e Finney compartilhavam uma habilidade muito rara e relevante: ambos eram desenvolvedores da tecnologia Remailer, precursora do Bitcoin.

Propostos por David Chaum juntos às criptomoedas, remailers são servidores especializados para enviar informações de forma anônima ou pseudônima. Era muito comum usá-los ao contribuir para a lista de discussão Cypherpunk, que por sua vez foi construída sobre remailers distribuídos.


Diagrama de um Remailer Tipo II

Enquanto os primeiros remailers simplesmente encaminhavam informações enquanto ocultavam a identidade do remetente, protocolos posteriores, como o Mixmaster (o remailer mais popular), dependiam de nodes descentralizados para distribuir blocos criptografados de informações de tamanho fixo em uma rede P2P. A arquitetura do Bitcoin é muito semelhante à dos remailers, exceto que seus nodes transmitem dados de transações em vez de mensagens. Em 1997, o fundador cripto-anarquista Tim May chegou a propor uma moeda digital baseada em remailers.

Como desenvolvedor líder, operador de node e principal mantenedor do Mixmaster, Len era um excelente especialista em tecnologia de remailer. Ele também implementou tecnologia semelhante como engenheiro de sistemas e arquiteto de segurança do Anonymizer Privacy Guard.

Os remailers não foram apenas um precursor tecnológico direto do Bitcoin, mas também foram fundamentais para sua história intelectual. No artigo “Why Remailers (Por que remailers)”, Finney argumentou que os remailers eram a base de uma economia digital anônima.

Quote
Remailers represent the “ground floor” of this house of ideas — the ability to exchange messages privately, without revealing our true identities. In this way we can engage in transactions, show credentials, and make deals, without government or corporate databases tracking our every move.
One Cypherpunk vision includes the ability to engage in transactions anonymously, using “digital cash”. … this is another area where anonymous mail is important.


Os remailers representam o “piso térreo” desta casa de ideias – a capacidade de compartilhar mensagens de forma privada sem revelar nossas verdadeiras identidades. Isso nos permite realizar transações, fornecer referências e fazer negócios sem que bancos de dados governamentais ou corporativos rastreiem cada movimento nosso.
Uma visão do Cypherpunk inclui a capacidade de realizar transações anônimas usando “dinheiro digital”. …esta é outra área onde a correspondência anônima é importante.

Os operadores de remailers foram os primeiros a reconhecer a necessidade de criptomoedas: sem a possibilidade de pagamentos anônimos, os remailers tiveram de ser operados de forma altruísta às custas do seu operador. Isso causou problemas de escalabilidade e resultou em spam e abuso sendo um problema constante. É por isso que muitos conceitos fundamentais das criptomoedas surgiram da necessidade de um remailer com fins lucrativos e resistente ao abuso:


Ian Goldberg e Ryan Lackey (ambos conhecidos por Len) foram figuras importantes na comunidade Remailer que trabalharam em uma criptomoeda inacabada chamada HINDE em 1998. Mais tarde, Ian criou vários clientes de dinheiro eletrônico iniciais e Ryan mais tarde tornou-se CSO da Tezos.

Consequentemente, a segunda postagem de Satoshi sobre o Bitcoin afirma que pagar para enviar e-mail é o primeiro caso de uso funcional do Bitcoin.

Quote
Initially it can be used in proof-of-work applications for services that could almost be free but not quite.
It can already be used for pay-to-send e-mail. The send dialog is resizeable and you can enter as long of a message as you like.


Inicialmente, ele pode ser usado em aplicativos de prova de trabalho para serviços que poderiam ser quase gratuitos, mas não exatamente.
Já pode ser usado para e-mails pay-to-send (pague para enviar). O tamanho da caixa de diálogo de envio pode ser alterado e você pode inserir uma mensagem de qualquer tamanho.



6. Adam Back 

Na pequena comunidade de remailers, o CEO da Blockstream, Adam Back, cruzou o caminho de Len – a primeira pessoa a se comunicar com Satoshi.

O interesse de Back em criptomoedas começou com a administração de um remailer e ele desenvolveu o sistema de prova de trabalho HashCash para operadores de remailer combaterem o spam e ataques DDOS. Mais tarde, Satoshi usou o HashCash como base para a mineração do Bitcoin.

Sabemos que Len trabalhou diretamente com Back e o listou como colaborador de um artigo de pesquisa e de um memorando do Mixmaster. Ambos trabalharam em inúmeras implementações do OpenPGP e estavam conectados na rede confiável PGP um do outro.

Curiosamente, o próprio Back sugeriu que Satoshi pode ter sido um desenvolvedor do Remailer, observando que os desenvolvedores “aplicariam sua própria tecnologia” para contribuir sob pseudônimos para discussões sobre protocolos criptográficos. Ao contrário de muitos Cypherpunks discutidos, sabemos que Len fez extensas contribuições com pseudônimos para a lista de discussão Cypherpunk via remailers.


A resposta de Bram Cohen a este artigo sugere que ele e Hal Finney podem ter trabalhado juntos sob um pseudônimo



7. Chaum e COSIC 

Após o ensino médio, Len trabalhou para sustentar sua família e nunca teve a oportunidade de frequentar a faculdade. No entanto, em 2004, ele garantiu o “emprego dos sonhos” como pesquisador e estudante de pós-graduação no COSIC, o Computer Security and Industrial Cryptography Research Group  (Grupo de Pesquisa em Segurança de Computadores e Criptografia Industrial) de K.U. Leuven na Bélgica.


O consultor Ph.D. de Len no COSIC não era outro senão o “pai da moeda digital” David Chaum. Embora Chaum tenha lançado as bases para todo o movimento cypherpunk e todas as criptomoedas, poucos poderiam afirmar ter trabalhado diretamente com ele.

Algumas das principais conquistas de Chaum:


Quote
“[Chaum] stands in the thick of a movement that seems unstoppable — the digitization of money … the wild card in the era of digital money is anonymity, and David Chaum thinks we’re in trouble without it”

“[Chaum] está no meio de um movimento que parece imparável – a digitalização do dinheiro… o curinga na era do dinheiro digital é o anonimato, e David Chaum acredita que sem ele estaremos em apuros”

Embora o Digicash tenha falhado (em parte devido à sua dependência de sistemas centralizados), Chaum queria criar uma segunda moeda digital que oferecesse uma combinação de anonimato e praticidade.

Enquanto muitos viam o seu fracasso como prova de que o dinheiro digital era inviável, Satoshi defendeu as “velhas moedas Chaumianas” ao mesmo tempo que reconhecia que o dinheiro digital era inviável devido a problemas causados ​​pela centralização.

Quote
A lot of people automatically dismiss e-currency as a lost cause because of all the companies that failed since the 1990’s. I hope it’s obvious it was only the centrally controlled nature of those systems that doomed them.

Muitas pessoas descartam automaticamente a moeda eletrônica como uma causa perdida por causa de todas as empresas que faliram desde a década de 1990. Espero que seja óbvio que foi a natureza controlada centralmente destes sistemas que os condenou.



8. Pesquisa de Len 

Len trabalhou no COSIC na Bélgica até sua morte em 2011. Durante esse tempo, ele acumulou impressionantes 45 Publicações e 20 cargos em comitês de conferências.

A pesquisa de Len era focada no desenvolvimento de protocolos para melhorar a privacidade com “verdadeira aplicabilidade global” e código funcional. Seu projeto principal (apoiado por Bram Cohen) foi o Pynchon Gate, uma evolução da tecnologia de remailer que permitiu a recuperação de informações pseudônimas em uma rede de nodes distribuídos sem terceiros confiáveis.


Pynchon Gate e meta-index + arquitetura de bucket pool

Este trabalho foi de grande importância para o Bitcoin - à medida que o trabalho no Pynchon Gate progredia, Len tornou-se cada vez mais focado em encontrar soluções para a Byzantine Fault (ou Falha Bizantina/Problemas Gerais Bizantinos), que foi um grande obstáculo para redes P2P anteriores.


Diagrama da Byzantine Fault (Falha Bizantina)

No contexto da computação distribuída, a Byzantine fault tolerance (tolerância a falhas bizantina) refere-se à capacidade de uma rede permanecer funcional mesmo quando os nodes estão comprometidos ou não são confiáveis. A falha bizantina foi um dos maiores problemas que precisavam ser resolvidos para uma criptomoeda segura e descentralizada, sem gastos duplos ou a necessidade de terceiros confiáveis. A principal inovação de Satoshi foi um sistema de contabilidade de “entrada tripla” que resolveu esse problema usando a blockchain introduzido por Chaum.

Durante o desenvolvimento do Bitcoin em 2008-2010, Len tornou-se cada vez mais ativo na criptografia financeira. Ele se juntou à International Financial Cryptography Association e deu uma palestra na Financial Cryptography and Data onde também ocupou um assento no comitê. Esta última foi fundada por Robert Hettinga, um dos primeiros e proeminentes defensores do dinheiro digital, que foi um tema importante nas conferências.



9. Satoshi como acadêmico 

Amplas evidências sugerem que Satoshi esteve ativo na academia durante o desenvolvimento do Bitcoin, uma ideia promovida pelo fundador da Bitcoin Foundation, Gavin Andersen.

Quote
“I think he’s an academic, maybe a post-doc, maybe a professor who just doesn’t want the attention.”

"Acho que ele é um acadêmico, talvez um pós-doutorado, talvez um professor que simplesmente não quer atenção."

As postagens e comentários de código aumentaram acentuadamente durante as férias de verão e inverno, mas diminuíram com o tempo, de volta ao final da primavera e ao final do ano, quando um acadêmico estaria passando por exames finais.


Postagens de Satoshi no bitcointalk.org por data

A estrutura idiossincrática do código do Bitcoin também sugere que Satoshi tinha formação acadêmica. Ele foi descrito como "brilhante, mas desleixado" e evita práticas tradicionais de desenvolvimento de software, como testes unitários, mas apresenta uma arquitetura de segurança de ponta e um conhecimento especializado de criptografia acadêmica e economia.

Quote
Whoever did this had a deep understanding of cryptography… They’ve read the academic papers, they have a keen intelligence, and they’re combining the concepts in a genuinely new way.

Quem fez isso tinha um conhecimento profundo de criptografia… você leu o artigo científico, você tem uma inteligência forte e combina os conceitos de uma maneira verdadeiramente nova.

Quando o famoso pesquisador de segurança Dan Kaminsky revisou pela primeira vez o código de Satoshi, ele tentou penetrá-lo com nove explorações diferentes, mas ficou surpreso que Satoshi já os tinha previsto e consertado todos eles.

Quote
"I came up with beautiful bugs, but every time I went after the code there was a line that addressed the problem. … I’ve never seen anything like it."

“Eu achei alguns bons bugs, mas toda vez que eu conferia o código, havia uma linha que resolvia o problema… nunca vi nada parecido.”

Isto poderia indicar que Satoshi e Kaminsky compartilharam experiência e conhecimento em segurança da informação. Coincidentemente, Len e Kaminsky foram coautores e apresentaram um artigo demonstrando métodos para atacar infraestruturas de chave pública.

Além disso, o white paper do Bitcoin foi publicado em um meio raramente encontrado na lista de discussão Cypherpunk – um artigo de pesquisa formatado em LaTeX com armadilhas acadêmicas, como resumo, conclusão e citação do MLA. Compare isso com outras propostas como Bitgold e b-money que eram postagens de blog não estruturadas.



10. Satoshi na Europa 

Como o COSIC estava sediado em Leuven, Len morou na Bélgica durante o desenvolvimento do Bitcoin. Isso é importante porque vários fatos indicam que Satoshi estava baseado na Europa - o foco principal de uma investigação inicial feita pelo The New Yorker.

As escritas de Satoshi apresentam grafias e escolhas de palavras típicas do inglês britânico, como "bloody hard", "flat", "maths", grey" e o formato de data dd/mm/aaaa. No entanto, Satoshi também se refere a Euro em vez de Libra.

O bloco gênesis do Bitcoin também incluiu uma manchete da edição diária do jornal (“The Times 03/Jan/2009 Chancellor on brink of second bailout for banks” / The Times 03/Jan/2009 Chanceler à beira do segundo resgate bancário). Este título referia-se especificamente à versão impressa, que foi distribuída apenas no Reino Unido e na Europa. Em 2009, o The Times era um dos 10 principais jornais da Bélgica e “muito usado por cientistas e pesquisadores por causa de sua ampla disponibilidade em bibliotecas e seu extenso índice.”


Estas pistas deixam-nos com um paradoxo: sugerem que Satoshi era europeu, mas alguém com as competências e experiência necessárias com as principais influências do Bitcoin provavelmente teria sido americano. Grande parte da comunidade cypherpunk se uniu para conferências e encontros, o que é uma das razões pelas quais um número desproporcional veio da América, especialmente SF. Os empregos que teriam oferecido experiência profissional de ponta em segurança da informação e criptografia também estavam concentrados nos EUA.

Estranhamente, Len usou o mesmo inglês britânico de Satoshi, apesar de ser americano.


Uma análise do histórico de postagens de Satoshi sugere que trata-se de uma "coruja noturna" europeia que trabalhou no Bitcoin, depois de voltar do trabalho ou da escola durante o dia. A certa altura, Satoshi também afirmou que houve um aumento na dificuldade de mineração “ontem”, que não seria verdade se morasse(m) em nos EUA.

Quote
Assuming Satoshi lived a life outside Bitcoin, he did so during the working/academic day when he was largely away from his computer at home … if Satoshi lived in a BST timezone he worked mostly at night, often into the small hours

Supondo que Satoshi vivia uma vida fora do Bitcoin, então ele o fazia durante o dia de trabalho/escola, durante o qual ele ficava quase sempre longe de seu computador em casa... se Satoshi morasse em um fuso horário BST, ele trabalhava principalmente à noite, muitas vezes até as primeiras horas da manhã

E se examinarmos o histórico de tweets de Len, veremos a data e hora das postagens e commits de código de Satoshi  correspondem em grande parte aos horários de atividade noturna do próprio Len.


Postagens de Satoshi no bitcointalk.org por data hora do dia (BST)


Tweets de @lensassaman por hora (BST)



11. Redes P2P 

Embora o Bitcoin não tenha sido a primeira criptomoeda, foi a primeira a ser baseada em uma rede P2P totalmente distribuída. A importância disso é enfatizada na primeira menção de Satoshi ao Bitcoin:

Quote
I’ve been working on a new electronic cash system that’s fully peer-to-peer, with no trusted third party

Tenho trabalhado em um novo sistema de dinheiro eletrônico que é totalmente peer-to-peer, sem terceiros confiáveis

Para construir o Bitcoin, Dan Kaminsky explicou que Satoshi precisava “entender de economia, criptografia e redes P2P”, e Len teve uma exposição incomumente precoce e íntima a todos os três e sua aplicação em moedas digitais.


Bram e Len em uma entrevista sobre a CodeCon

Enquanto estava em SF, Len viveu e colaborou com Bram Cohen, criador do protocolo P2P mais amplamente utilizado: o BitTorrent. Durante este período (2000-2002), Bram desenvolveu uma rede P2P revolucionária chamada MojoNation que usava uma moeda digital “Mojo Tokens”, tornando-se uma das primeiras moedas digitais a ter um lançamento público funcional.


Na economia P2P da MojoNation, “tokens” poderiam ser trocados para armazenar arquivos que seriam criptografados e codificados em “blocos” que seriam carregados em uma rede distribuída de nodes que hospedam um ledger público, reminiscente do próprio sistema de contabilidade bilateral distribuída do Bitcoin. O Mojo não era apenas um token de liquidação interno, mas uma moeda completa – podia ser trocado por dólares e vice-versa. Algumas das primeiras discussões sobre tokenomics dizem respeito à mecânica dos Mojo Tokens.

Quote
A unit of Mojo represents a slice of the current capabilities of the system as a whole. If you perform work for me now I give you credits, in the future when the network is larger those credits will represent a slice of a much larger pie and so have increased in value when you spend them.

Uma unidade Mojo representa uma parte das capacidades atuais do sistema como um todo. Se você trabalhar para mim agora, eu lhe darei créditos. No futuro, à medida que a rede crescer, estes créditos representarão uma fatia de um bolo muito maior e, portanto, aumentarão de valor à medida que os gasta.

Satoshi discute a tokenomics de uma forma muito semelhante:

Quote
It has the potential for a positive feedback loop; as users increase, the value goes up, which could attract more users to take advantage of the increasing value.

Existe potencial para um ciclo de feedback positivo; À medida que o número de usuários aumenta, o valor aumenta, o que poderia motivar mais usuários a se beneficiarem do valor crescente.

A economia da MojoNation, embora visionária, entrou em colapso rapidamente devido à hiperinflação. Satoshi conscientemente projetou o Bitcoin para evitar esse destino por meio da deflação integrada e da não dependência de um servidor central de “mint”.


Em 2001, Bram iniciou o BitTorrent. Como uma alternativa P2P ao centralizado Napster, o BitTorrent prenunciou a topologia distribuída e baseada em nodes e o sistema de consenso do Bitcoin, bem como seu sistema de incentivo em nível de protocolo. O BitTorrent inovou em redes como a Gnutella não apenas no nível técnico, mas também através do uso de incentivos econômicos e da teoria dos jogos.


Design do Bittorrent comparado ao Napster

Prescientemente, Len disse a Bram que “o BitTorrent o tornaria maior do que Sean Fanning [o fundador do Napster]”. Posteriormente, Satoshi fez referência ao Napster ao explicar a necessidade de uma rede totalmente descentralizada.

Quote
Governments are good at cutting off the heads of a centrally controlled networks like Napster, but pure P2P networks like Gnutella and Tor seem to be holding their own.

Os governos são bons em cortar cabeças de redes controladas centralmente como o Napster, mas redes puramente P2P como Gnutella e Tor parecem estar se aguentando.

Coincidentemente Len e Roger Dingledine, fundador do Tor, trabalharam no protocolo remailer Mixminion co-apresentaram na Black Hat e cofundaram a HotPETS Conference.

Em 2002, Len e Bram co-fundaram uma conferência chamada CodeCon, que se concentrava em “projetos altamente práticos com código funcional”. Na CodeCon 2005, Finney apresentou a prova de trabalho reutilizável por meio de um cliente BitTorrent modificado que enviava moeda digital via P2P. Um comentarista descreveu isso da seguinte maneira:

Quote
…the world’s first transparent server, which could facilitate a world of distributed, cooperating RPOW servers.

…o primeiro servidor transparente do mundo que poderia permitir um mundo de servidores RPOW distribuídos e cooperantes.

A moeda digital foi um tópico importante na primeira CodeCon, que incluiu uma demonstração do HashCash de Adam Back, bem como a apresentação de Zooko da Mnet, um sucessor totalmente aberto e descentralizado da MojoNation. O Mojo não estava vinculado a uma única empresa e poderia ser auditado de forma independente, ambos os quais Satoshi considerou cruciais.


Screenshot do cliente Mnet

Os cofundadores da MojoNation, Zooko Wilcox e Jim McCoy, também provaram ser inspirações para os pioneiros do Bitcoin e das criptomoedas. Zooko foi um dos primeiros colaboradores de Satoshi e funcionário de David Chaum na Digicash. Quando Satoshi lançou o Bitcoin v0.1 no Bitcoin.org, ele incluiu um link para o blog de Zooko. Mais tarde, Zooko fundou a principal criptomoeda Zcash, com foco na privacidade. Ele criou o frequentemente discutido “Zooko's Triangle (Triângulo de Zooko)”.


“O Zooko's Triangle (Triângulo de Zooko) é um trilema de três propriedades geralmente consideradas desejáveis ​​para nomes de participantes em um protocolo de rede. Human meaningul / Decentralized / Secure (Humano significativo / Descentralizado / Seguro)”

McCoy também tem uma enorme influência na criptomoeda, e Ryan Selkis, do Digital Currency Group, expressou sua crença de que McCoy poderia ser Satoshi.



12. Hacktivismo 

Mesmo para os padrões da comunidade cypherpunk, tanto Len quanto Satoshi tinham crenças ideológicas particularmente fortes e um compromisso com o conhecimento aberto.

Quote
I wish you wouldn’t keep talking about me … maybe instead make it about the open-source project and give more credit to your dev contributors

Gostaria que vocês parassem de falar sobre mim... talvez vocês prefiram falar sobre o projeto de código aberto e dar mais crédito aos seus desenvolvedores

A abordagem “hacktivista” de Satoshi para distribuir Bitcoin por meio de um projeto gratuito, de código aberto e de base contrasta fortemente com seus antecessores. Chaum, Stefan Brand, eCash e outros adotaram uma abordagem muito diferente: registraram patentes, fundaram empresas de capital fechado apoiadas por capital de risco e tentaram impulsionar a adoção por meio de parcerias corporativas.

Isso foi consistente com as extensas contribuições de Len para projetos de código aberto como PGP, Mixmaster, GNU Privacy Guard e outros, bem como com sua vasta experiência como voluntário em grupos como o Shmoo Group.


"Len também tentou me convencer a publicar o Bittorrent sob pseudônimo, o que parece indicar algo" - Em resposta a esta história, Bram explicou que Len tinha uma queda por publicações anônimas

Satoshi aludiu às suas tendências ideológicas em diversas ocasiões, dizendo que o Bitcoin é "muito atraente para o ponto de vista libertário" e que poderia “vencer uma grande batalha na corrida armamentista e conquistar um novo território de liberdade por vários anos”.

Len também foi apaixonado pela necessidade de proteger o conhecimento aberto e o avanço tecnológico contra interferências corporativas e governamentais.

Quote
The quest for knowledge is a fundamental part of being human. Any kind of prior restraint against that is in my opinion a violation of our freedom of thought and conscious. So, not only am I hopeful that we can avoid overly restrictive knee-jerk legislation. …. I don’t want to see anyone build a framework that could be misapplied for that purpose.

A busca pelo conhecimento é parte fundamental do ser humano. Na minha opinião, qualquer relutância anterior em fazê-lo representa uma violação da nossa liberdade de pensamento e de consciência. Portanto, não estou apenas confiante de que poderemos evitar uma legislação excessivamente restritiva e instintiva. …. Não quero que ninguém crie uma estrutura que possa ser abusada para esse fim.



13. Fim 

Assim como Satoshi criou o Bitcoin por trás de um pseudônimo, Len foi, de certa forma, forçado a viver por trás de sua própria personalidade. Após um incidente em 2006, Len sofreu convulsões não epilépticas cada vez mais graves e problemas neurológicos funcionais contribuíram para piorar a depressão contra a qual ele lutava desde a adolescência.

Como vítima do estigma, Len “sentiu que precisava manter a fachada de ser o mesmo cara hipercompetente” e foi “tinha um medo absoluto” de que a deterioração de sua saúde significasse o fim de seu trabalho e decepcionasse as pessoas de quem ele gosta.

Apesar desses desafios, Len continuou a trabalhar até meses antes de sua morte, contribuindo para e até apresentando na Dartmouth. Infelizmente, ele conseguiu esconder a gravidade de sua situação de quase todas as pessoas em sua vida.

Quote
There were very very few people who had any idea just how far things had gone … the one refrain I heard over and over was “we never knew, it seemed like he was doing fine”.

Havia muito, muito poucas pessoas que tinham ideia de quão longe as coisas tinham ido... o único refrão que eu ouvia era "nunca soubemos, parecia que ele estava bem."


Len apresentando na Dartmouth pouco antes de sua morte

Da maneira como Len construiu ideias que vieram antes dele, você tem a sensação de que ele se dedicou a construir coisas que sobreviveriam a ele, uma das razões pelas quais ele estava comprometido com o código aberto e o conhecimento aberto.

Quote
This is our heritage, this research, these ideas that we have, that is leading to knowledge that no human in history has had the opportunity to have before, this is what we’re going to be handing down to future generations. We need to make sure we are not backed into a corner where we are not able to distribute this research to others, and that this isn’t locked up in IP lawyer vaults.

Esta é a nossa herança, esta investigação, estas ideias que temos que levam a conhecimentos que nenhum ser humano na história foi capaz de ter antes, é isso que iremos transmitir às gerações futuras. Precisamos garantir que não seremos encurralados, onde não possamos partilhar esta investigação com outros, e que ela não fique trancada nos cofres dos advogados de PI.

Quando Len faleceu em 2011, foi uma grande perda para o Cypherpunk e toda a comunidade tecnológica, fato que se refletiu na grande manifestação de lembrança e simpatia que se seguiu. Um comentário em particular chama minha atenção: uma postagem de “pablos08”. no Hacker News:

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I became friends with Len and we were coconspirator cypherpunks at a time when that was a wild frontier. We were reimagining our world, riddled with cryptosystems that would mathematically enforce the freedoms that we treasured. Anonymous remailers to preserve speech without fear of retribution; onion routers to ensure nobody could censor the internet; digital cash to enable a radically free economy. We have schemes to decentralize & distribute everything.
We imagine complex and esoteric threats to problems we might someday have — we architect futuristic protocols to insulate against those threats. All this is a highly academic geek utopia exercise. I tend to keep it that way, but Len wanted to get his hands dirty.
Cypherpunks write code.


Tornei-me amigo de Len e éramos co-conspiradores cypherpunks numa época em que isso era uma fronteira selvagem. Reimaginamos o nosso mundo, repleto de criptossistemas que reforçariam matematicamente as liberdades que valorizávamos. Remailers anônimos para preservar a linguagem sem medo de retaliação; onion routers para garantir que ninguém possa censurar a Internet; dinheiro digital para permitir uma economia radicalmente livre. Temos planos de descentralizar e distribuir tudo.
Imaginamos ameaças complexas e esotéricas a problemas que um dia poderemos ter – desenvolvemos protocolos futuristas para nos protegermos contra essas ameaças. Tudo isso é um exercício de utopia geek altamente acadêmico. Costumo deixar por isso mesmo, mas Len queria sujar as mãos.
Cypherpunks escrevem código.

Posfácio: Por favor, respeite a privacidade e a saúde emocional da família e amigos de Len. O laptop de Len foi criptografado e a senha foi perdida. Invadir suas vidas privadas não é apenas antiético, mas também inútil.

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…I loved him and I miss him. It doesn’t mean I know everything there was to know.
He used FileVault. I do not know what his password was. No matter how much you want to know whether he was Satoshi, it is impossible for me to access his laptop or any files on it. That door is closed.


...Eu o amava e sinto falta dele. Isso não significa que eu saiba tudo o que há para saber.
Ele usou o FileVault. Não sei qual era a senha dele. Não importa o quanto você queira saber se ele era Satoshi, é impossível para mim acessar seu laptop ou os arquivos nele contidos. Esta porta está fechada.



Conclusão/Questionamentos 

Para os que leram até aqui, parece realmente um tema muito bem estruturado, afinal, o jogo de "coincidências" joga a favor da narrativa (que, diga-se de passagem, foi muito bem enveredada pelo autor do artigo!). Mas o que seriam das matérias especulativas sem os famosos contrapontos?

Ainda dentre os poucos comentários do artigo original no Medium, podemos encontrar alguns usuários que contribuíram com esse embate de fatos, sendo o principal deles, em meu entender, este:

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Excellent piece, great evidence, however his twitter shows many tweets implying he didn’t see the papers and didn’t see the code for the first 6m-a year of the project. He implies its not his project.

See here https://twitter.com/lensassaman/status/51486015562592256?s=21
And here https://twitter.com/lensassaman/status/56487900136734720?s=21


Excelente artigo, ótimas evidências, porém seu Twitter mostra muitos tweets sugerindo que ele não viu os documentos e não viu o código durante os primeiros 6 meses-1 ano do projeto. Ele insinua que não é seu projeto.

Veja aqui: https://twitter.com/lensassaman/status/51486015562592256?s=21
E aqui: https://twitter.com/lensassaman/status/56487900136734720?s=21

E, decerto, algumas postagens de Len em seu Twitter divagam sobre o tema e, em alguns casos, até o criticam - talvez não de forma tão veemente, porém assumindo um posto de alguém que não estaria diretamente ligado ao tópico.

Mas... se Len estava tão acostumado a utilizar pseudônimos para suas publicações, o que o impediria de estabelecer uma narrativa confrontante, buscando justamente fortalecer seus pontos fortes e corrigir os seus fracos? Dizer que alguém como ele não tinha formas e motivações próprias para operar sob anonimato é, em meu entendimento, aí sim utópico.

Satoshi ou "meramente" Sassaman, Len deixou um legado que certamente será perpetuado por gerações... e, por isso: obrigado!

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Notas:

  • Infelizmente, alguns links do artigo não se encontram mais disponíveis. Para manter sua plena fidedignidade, optei por mantê-los integralmente. Caso existam links alternativos para os conteúdos indicados, deem um grito e incluo como uma respectiva referência;
  • Não tenho o objetivo de remover, de quaisquer formas, a anonimidade de Satoshi! Respeito sua opção de não exposição e, bom, entendo que algum motivo para fazê-lo ele(s) teve(tiveram) - seja qual for. Como trata-se de um "caso post mortem" e de alguém doxxed na cena da criptografia, com um histórico e legado gigantescos para nossa esfera, achei mais do que digno disseminá-lo!
"There should not be any signed int. If you've found a signed int somewhere, please tell me (within the next 25 years please) and I'll change it to unsigned int." -- Satoshi
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September 21, 2023, 08:29:31 PM
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 #2

10. Satoshi na Europa 

Como o COSIC estava sediado em Leuven, Len morou na Bélgica durante o desenvolvimento do Bitcoin. Isso é importante porque vários fatos indicam que Satoshi estava baseado na Europa - o foco principal de uma investigação inicial feita pelo The New Yorker.

As escritas de Satoshi apresentam grafias e escolhas de palavras típicas do inglês britânico, como "bloody hard", "flat", "maths", grey" e o formato de data dd/mm/aaaa. No entanto, Satoshi também se refere a Euro em vez de Libra.

O bloco gênesis do Bitcoin também incluiu uma manchete da edição diária do jornal (“The Times 03/Jan/2009 Chancellor on brink of second bailout for banks” / The Times 03/Jan/2009 Chanceler à beira do segundo resgate bancário). Este título referia-se especificamente à versão impressa, que foi distribuída apenas no Reino Unido e na Europa. Em 2009, o The Times era um dos 10 principais jornais da Bélgica e “muito usado por cientistas e pesquisadores por causa de sua ampla disponibilidade em bibliotecas e seu extenso índice.”

Adicionando uma observação, o whitepaper do Bitcoin cita o seguinte item nas referências:

"H. Massias, X.S. Avila, and J.-J. Quisquater, "Design of a secure timestamping service with minimal trust requirements," In 20th Symposium on Information Theory in the Benelux, May 1999."

Benelux = Bélgica, Holanda e Luxemburgo.

Então, além dos pontos citados, é mais um que aponta para alguém dessa região..

Não sei em que mês de 1999 ele se mudou para SF, mas é possível que Sassaman tenha participado desse simpósio antes de ir para os EUA.


Muito boa a leitura @cryptobaboon! obrigado pelo conteúdo!

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September 21, 2023, 10:44:14 PM
 #3

Caramba @cryptobaboon, voltou com o pé na porta. Muito obrigado por compartilhar esse texto conosco. Melhor tópico que vejo a tempos aqui na aba local do BitcoinTalk. O texto me prendeu totalmente. É muito interessante essa análise que as pessoas fazem tentando ligar o Satoshi a uma pessoa e lendo seu texto, eu gostaria se ele fosse o Len  Smiley

São muitas pessoas fantásticas que contribuem de modo inimaginável na nossa vida de alguma forma. É uma pena que a sua depressão o levou à morte, talvez essas pessoas muito inteligentes não consigam lidar com esse mundo maluco que vivemos.
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September 22, 2023, 02:07:52 AM
 #4


E se examinarmos o histórico de tweets de Len, veremos a data e hora das postagens e commits de código de Satoshi correspondem em grande parte aos horários de atividade noturna do próprio Len.


Postagens de Satoshi no bitcointalk.org por data hora do dia (BST)


Tweets de @lensassaman por hora (BST)

Esses gráficos me chamaram a atenção!
Eles tem atividade muito parecida. Contudo, já vi que o pessoal da computação  (e jogos) gosta mesmo de trabalhar a noite. Pode ser que se analisarmos muitas contas de pessoas com esse perfil, tb apareceram gráficos similares.

De qq forma,  foi o melhor candidato a satoshi que apareceu até agora, na minha opinião.

Bela tradução.

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September 23, 2023, 08:45:31 AM
 #5

@cryptobaboon obrigado por ter traduzido este artigo e tele o trazido até nós. Bom trabalho.

Claro que, a menos que surgem evidencias concretas, não saberemos quem foi Satoshi. Mas, realmente essa analise, pode indicar um possível candidato.

Com este artigo surgiu-me a pergunta: Será que Satoshi, caso se tenha suicidou, deixou uma mensagem programada para revelar a sua identidade no futuro? Roll Eyes



Posfácio: Por favor, respeite a privacidade e a saúde emocional da família e amigos de Len. O laptop de Len foi criptografado e a senha foi perdida. Invadir suas vidas privadas não é apenas antiético, mas também inútil.

Por sua vez, fiquei na duvida com esta frase. Foi o Len que criptografo o seu computador, antes de cometer suicídio, ou foram os seus familiares?

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Last edit: October 02, 2023, 07:15:43 PM by cryptobaboon
 #6

Obrigado pelos merits, pessoal, finalmente conseguindo empilhar alguns para poder distribuir para o povo por aqui sempre que possível!  Smiley

Adicionando uma observação, o whitepaper do Bitcoin cita o seguinte item nas referências:

"H. Massias, X.S. Avila, and J.-J. Quisquater, "Design of a secure timestamping service with minimal trust requirements," In 20th Symposium on Information Theory in the Benelux, May 1999."

Benelux = Bélgica, Holanda e Luxemburgo.

Então, além dos pontos citados, é mais um que aponta para alguém dessa região..

Não sei em que mês de 1999 ele se mudou para SF, mas é possível que Sassaman tenha participado desse simpósio antes de ir para os EUA.

Muito boa a leitura @cryptobaboon! obrigado pelo conteúdo!
Boa, sabota! Mais um ponto que engrossa o caldo dessa possível versão  Cool


Caramba @cryptobaboon, voltou com o pé na porta. Muito obrigado por compartilhar esse texto conosco. Melhor tópico que vejo a tempos aqui na aba local do BitcoinTalk. O texto me prendeu totalmente. É muito interessante essa análise que as pessoas fazem tentando ligar o Satoshi a uma pessoa e lendo seu texto, eu gostaria se ele fosse o Len  Smiley

São muitas pessoas fantásticas que contribuem de modo inimaginável na nossa vida de alguma forma. É uma pena que a sua depressão o levou à morte, talvez essas pessoas muito inteligentes não consigam lidar com esse mundo maluco que vivemos.
O difícil é arranjar tempo pra me dedicar nessa investidas, Loga  Undecided mas, como disse Hill, somos os senhores do nosso destino... hei de arranjar algumas janelinhas, que sejam, para voltar a interagir um pouco mais por aqui Smiley

Sobre o tema, a descentralização veio para também dar voz àqueles que em muitas oportunidades (na maior parte delas, no passado), não tinham voz. E quantas ideias incríveis, ainda assim, não se perdem em meio a tanto lixo por aí... importante darmos foco, por mínimo que seja, ao que entendemos como verdadeiramente valoroso.  Wink


De qq forma,  foi o melhor candidato a satoshi que apareceu até agora, na minha opinião.
Bom, acho que depois do tópico fica evidente que essa é também minha opinião, bit Smiley é um dos pouquíssimos que agregam tantos ingredientes da receita e que tem ele e apenas ele mesmo como o único e eventual refutador.

E, ainda que não seja, como coloquei no op, que seja lembrado pelos avanços incríveis que nos ajudou a alcançar!


(...)Com este artigo surgiu-me a pergunta: Será que Satoshi, caso se tenha suicidou, deixou uma mensagem programada para revelar a sua identidade no futuro? Roll Eyes (...)
Se estamos falando do Sassaman, com base no que li sobre ele, não creio que seja o seu perfil - ainda que não seja algo impossível de acontecer, só o tempo dirá  Smiley

Posfácio: Por favor, respeite a privacidade e a saúde emocional da família e amigos de Len. O laptop de Len foi criptografado e a senha foi perdida. Invadir suas vidas privadas não é apenas antiético, mas também inútil.

Por sua vez, fiquei na duvida com esta frase. Foi o Len que criptografo o seu computador, antes de cometer suicídio, ou foram os seus familiares?
O posfácio é orginário de sua esposa e creio que a criptografia seja resultado de ações do próprio Len... bom, certamente não vejo o PC de um criptógrafo sem ela ao menos  Grin
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 #7

Se estamos falando do Sassaman, com base no que li sobre ele, não creio que seja o seu perfil - ainda que não seja algo impossível de acontecer, só o tempo dirá  Smiley

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O posfácio é orginário de sua esposa e creio que a criptografia seja resultado de ações do próprio Len... bom, certamente não vejo o PC de um criptógrafo sem ela ao menos  Grin

Mas, do que conheço dessa malta, apesar de fazerem muitas coisas no anonimato, no final gostavam de ser reconhecidos.

Por isso, continuo na opinião, que em algum momento da historia, ficaremos a saber que realmente criou o Bitcoin. Se calhar só quando for minado o ultimo bitcoin, e esse seja o derradeiro easter egg do Bitcoin.  Roll Eyes

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