Realmente, a distorção completa da realidade dessa extrema-direita não tem limites:
Antes do bloqueio, X se recusou a remover dados pessoais e ameaças de morte a policiais:
A plataforma desobedeceu ordens judiciais para apagar posts que expunham agentes da Polícia Federal e seus familiares, levando à decisão do STF de bloquear o X no Brasil.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, revelou novos detalhes dos bastidores da suspensão da plataforma X (antiga Twitter) no Brasil. Em uma reunião com empresários na sexta-feira (13/9), Rodrigues contou que o X se recusou a cumprir ordens judiciais do Supremo Tribunal Federal (STF) para retirar do ar conteúdos que expunham dados pessoais e ameaçavam policiais federais e seus familiares. "O X não fez nada, nem apagou o post nem pagou a multa", declarou o diretor da PF, em registro da colunista Monica Bergamo.
Vazamento de dados e ameaças
A plataforma X (antigo Twitter) tornou-se o principal meio de exposição e ameaças a delegados que investigam Jair Bolsonaro, conforme apurou investigação liderada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo o ministro, as redes sociais foram "instrumentalizadas com a exposição de dados pessoais, fotografias, ameaças e coações dos policiais e de seus familiares".
O delegado Fabio Shor, responsável pelo indiciamento de Bolsonaro no caso das joias oferecidas por governos árabes ao Brasil, foi uma das vítimas dessas ações. Informações pessoais suas e de sua família foram divulgadas, e ele acabou recebendo um presente em seu carro, intensificando o clima de intimidação. Outros policiais que atuam em investigações relacionadas a milícias digitais e à tentativa de golpe de Estado também sofreram ameaças.
Envolvimento de senador em ataques
Andrei Rodrigues apontou o senador Marcos do Val (Podemos-ES) como um dos responsáveis pela divulgação de ameaças. De acordo com Rodrigues, Do Val postou no X uma foto da filha e da esposa de um delegado que o investigava, com a legenda: "Procura-se vivo ou morto". Internautas comentaram a foto com "morto vale quanto?". A esposa do delegado, segundo Rodrigues, ainda recebe tratamento psicológico devido ao episódio.
Reação da Polícia Federal
Rodrigues relatou que, após a postagem, a Polícia Federal solicitou ao STF a retirada do conteúdo do ar, o que foi autorizado por Moraes. No entanto, o X se recusou a cumprir a ordem judicial. Em vez disso, Elon Musk, dono da rede social, resolveu transformar a narrativa de ameaças de morte em discurso de defesa da "liberdade de expressão" e protesto contra censura a um senador. Como Musk mandou funcionários ignorarem as determinações do STF, Alexandre de Moraes decidiu multar a plataforma, fazendo com que o bilionário decidisse fechar seu escritório no Brasil como tática para evitar as multas. "Disse que iria retirar o escritório da rede social no Brasil, para [as autoridades] não terem com quem falar", explicou o diretor da PF.
Suspensão da plataforma no Brasil
Diante da resistência de Musk em cumprir as determinações judiciais, Moraes determinou a suspensão da plataforma no Brasil. A rede social está bloqueada desde 30 de agosto. "O ministro teve como último recurso bloquear a ferramenta no Brasil", explicou Rodrigues, reforçando que as ações da plataforma comprometeram a segurança dos agentes federais e de suas famílias, expondo-as a criminosos.
Após a desobediência judicial, Musk assumiu em público uma postura de intervenção política no Brasil, chamando Alexandre de Moraes de ditador e lançando uma convocação no X para um ato com líderes da extrema direita nacional em 7 de setembro na avenida Paulista, que pedia anistia a golpistas e impeachment do ministro. O ato, porém, foi menor que seus organizadores esperavam, ajudando a esvaziar a manipulação política.
Abaixo um artigo que descreve muito bem quando a "liberdade de expressão passa a ser crime.
Quais são os limites da Liberdade de Expressão?
Constituição Federal de 1988, artigo 5º, parágrafo IV: “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. Esse é o artigo que, para muitas pessoas, resume o direito à liberdade de expressão, um conceito que tem sido muito debatido na sociedade brasileira nos últimos anos. Mas até onde vai esse direito? Divulgação de informações falsas e discursos de ódio contra minorias, por exemplo, podem ser defendidos à luz deste artigo da Constituição?
O tema é tão sensível que já vamos dar a resposta: não, nem tudo pode ser justificado como “liberdade de expressão”. Esse direito não é absoluto e deve ser exercido nos limites da lei, sob pena de caracterizar abuso de direito. Vamos explicar o porquê.
Para o defensor público que atua em Umuarama Cauê Bouzon Ribeiro, a liberdade de expressão engloba a liberdade de crítica e de discordância, desde que respeitosa, sem xingamentos e sem mentiras. “É interessante que a gente tenha discordância. A gente mora em um país democrático, a discordância é o coração da democracia. Mas a partir do momento em que a discordância vira discurso de ódio, a gente tem que combater”. Para ele, com respeito é possível discordar e criticar absolutamente tudo, mas o limite será sempre o direito do outro.
“O limite do direito de liberdade de expressão se dá quando, sob essa pretensa liberdade, atinge-se a honra, a dignidade ou mesmo a democracia. Inclusive existem crimes, previstos no Código Penal, que definem a limitação da chamada liberdade de expressão, como os crimes de injúria, difamação e calúnia”, explica o defensor público, ele mesmo vítima de injúria em 2020, quando um morador da cidade usou as redes sociais para comentar uma decisão do defensor.
“Ele utilizou uma expressão que atingiu diretamente a minha honra e é exatamente este o limite da liberdade de expressão. Além disso, disse que eu estaria em outro estado, quando na verdade eu estava em Umuarama, trabalhando em prol da população local, logo, ele mentiu, outro limite claro da liberdade de expressão”, relembra. A notícia falsa e a ofensa ainda geraram outras manifestações em grupos de whatsapp de moradores da cidade. O defensor teve a placa do carro divulgada nestes grupos e chegou a receber ameaças. “A consequência da postagem virtual dele foi real e séria, e esse é o perigo dos posts falsos e injuriosos.
É preciso destacar que as manifestações em redes sociais em nada diferem das manifestações em revistas, jornais ou até mesmo orais. A injúria, a difamação e a calúnia devem ser combatidas, seja no mundo real seja no mundo virtual. Devemos, de uma vez por todas, eliminar o mito de que o que se faz por trás de uma tela de computador ou de celular não tem consequências”.