Em momentos de crises o ser humano tende a refletir sobre o que está errado, sendo tencionado a imaginar uma solução. Acredito que esse seja um desses momentos… Eu sei que o
BTCitcoin não morreu e que vai para a lua no futuro, talvez próximo, mas infelizmente tenho a mesma convicção de que ele voltará a morrer mais uma vez, e assim por diante, portanto a queda de hoje não é o grande mal do
BTCitcoin, mas sim, a sua agressiva acensão e posteriormente a sua depressão, ou seja, o grande mal do
BTCitcoin sao suas crises cíclicas e consequentementealta sual alta flutuabilidade. Isso é um problema grave, pois faz com que o
BTCitcoin não saia do ambiente especulatório, reduzindo drasticamente o seu potencial. Eu sinceramente como economista consigo vislumbrar o grande potencial do
BTCitcoin, e posso afirmar de que se trata da maior invenção da humanidade dos últimos tempos, tanto no aspecto econômico, como também social e civilizatório. Mas parece que nem todo mundo consegue ver as reais qualidades do Bitcoin, e isso é uma pena, pois acredito que isso poderia livrar o
BTCitcoin deste mal.
--------
Para salvar o Bitcoin, primeiro se faz necessário entender qual é o seu grande mérito. Muitas pessoas enxergam várias qualidades do Bitcoin que realmente são revolucionárias e podem melhorar as nossas vidas, mas a maior dessas qualidades é pouco discutida, pois é uma questão ainda em desenvolvimento na ciência econômica, denominada de Custos de Transação. A grande maioria dos entusiastas, admiradores e desenvolvedores do Bitcoin têm pouca leitura econômica, porém os que tem alguma leitura apenas bebem da fonte da escola Austríaca de Economia, o que é uma pena, seria importante absorver uma leitura econômica mais pluralista, pois é desse modo que se deve estudar as questões científicas. Independente de ter, ou não, um ideal libertário, isso não pode nos impedir de absorver outras ramificações da ciência econômica, e sendo assim, a melhor escola econômica para explicar os Custos de Transação é a escola da Nova Economia Institucional, portanto, é um apelo que faço, permaneçam libertários mas absorvam outras leituras científicas, pois ciência e ideologia não podem se misturar.
Embora exista uma vasta leitura e consequentemente uma complexa abordagem sobre os Custos de Transação, de modo bastante superficial, esses custos são decorrentes das inseguranças nas relações econômicas, sendo necessária a figura de intermediadores ou de um poder centralizador para reduzir esses custos, como já sabemos o Bitcoin não necessita de um agente central, ou intermediador, portanto o Bitcoin consegue reduzir os custos de transação a zero. Isso é uma façanha inédita na história socioeconômica. De grosso modo significa que o dinheiro está mais barato, consequentemente mais seguro e acessível, como nunca antes. Ao entender essa questão fica mais fácil compreender como seria possível salvar o Bitcoin. O preço do Bitcoin, assim com qualquer outra commoditie, ou serviço, naturalmente tendem a flutuar, mas quanto menos especulação houver menor será essa flutuação, portanto é necessário que os agentes desse mercado possam precificar de modo correto o valor do Bitcoin, e como sabemos, sua maior utilidade está em usá-lo como moeda nas compras do dia a dia. O uso do Bitcoin como moeda reduziria bastante sua flutuação. Infelizmente isso não é possível ainda, muito por conta de sua flutuabilidade, portanto, temos algo análogo a um paradoxo.
Para resolver esse paradoxo se faz necessária engenharia econômica, embora algumas pessoas achem que para resolver os problemas do Bitcoin basta alterar alguns comandos do protocolo, onde tudo pode ser resolvido com o uso de lógica e matemática, porém as necessidades humanas são muito mais complexas, fazendo-se necessário o desenvolvimento de variadas capacidades intelectuais, científicas e produtivas. O fator econômico capaz de solucionar o mal, seria o crédito, como foi em outros momentos da civilização humana, e atualmente se faz muito presente. O crédito é um fator de extrema importância para a economia, como muito bem abordado na TACE (Austrian business cycle theory – ABCT), e que parece ter sido esquecido pelos entusiastas do Bitcoin.
O dinheiro com o surgimento do Bitcoin, torna-se uma coisa nova e consequentemente faz surgir um novo modo de entender a economia. Refiro-me a conceitos antigos, que embora sejam importantes, não são válidos nesse novo ambiente onde os custos de transação estão próximos a zero. O crédito ajudaria a salvar o Bitcoin em dois passos;
I passo: Faria como que houvesse uma migração massiva de investidores para a moeda mediante os ganhos análogos aos juros variáveis, o que impulsionaria o preço para cima, onde os efeitos da deflação seriam realmente sentidas. O preço continuaria a flutuar agressivamente, porém para cima, onde não ofereceria rejeição por consumidores e comerciantes;
II passo: Possibilitaria comerciantes a demandarem a moeda, na busca de lucros maiores, fazendo com que possam vender em alguns momentos seus produtos com desconto, dado os altos ganhos com a criptomoeda, pois deste modo poderiam adquirir ainda mais moedas, assim os consumidores passariam a usar bitcoins nas suas compras dado aos efeitos dos descontos oferecidos pelos comerciantes, anulando assim os possíveis efeitos negativos da deflação.
(precisa ser melhor estudado) Para poder emprestar bitcoins, poderiam haver três maneiras, que não são realizadas pois ideologicamente para alguns se trata uma atitude quase que profana. Pode-se emprestar bitcoins com o uso de smart contarcts, ou uso de tokens como garantia, há também a tecnologia nativa no protocolo Bitcoin, que são as carteiras multisig. Diferentemente do empréstimo bancário, o empréstimo de bitcoins ocorre sem a necessidade de um agente central comprador e vendedor de crédito, portanto não se faz necessário a instituição bancária. Como já sabemos o próprio consenso da rede blockchain e sua transparência oferecem as garantias necessárias para cooptação e distribuição de moedas, sendo apenas necessário um canal para isso, que pode ser realizado mediante a um serviço privado ou de consenso distribuído em várias plataformas pelo mundo. Deste modo, o serviço nada mais seria que um consórcio financeiro de bitcoins. Os emprestadores e tomadores de moeda, seriam participantes de um grupo, que concorreriam para poderem ser contemplados no consórcio, os resultados ocorreriam por meio de sorteios. A utilização de um consórcio, sempre foi extremamente limitada, pois se faz necessário um agente central financeiro, como também de um grupo de indivíduos selecionados que garantam o seu bom funcionamento. No ambiente das criptomoedas esses limites são expurgados e o consórcio passa até proporções mundiais, gerando altos ganhos de maneira segura. Isso é possível graças a redução dos custos de transação próximas a zero.
O crédito de Bitcoin, trata-se de uma evolução dos empréstimos convencionais, se assemelhando mais com as ideias de Muhammad Yunus, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2006, no qual o crédito não deveria ser concedido pelas instituições financeiras, deveria antes ser considerado como um direito humano, porém desta vez, trata-se de uma conquista humana mundial. O seu funcionamento impossibilita a criação de procedimentos de alavancagem, e assim torna o sistema seguro e sustentável. Os credores são consorciados e depositam seus bitcoins em uma carteira com smart contarcts, multisig ou recebem tokens como garantia dos depósitos. Após sorteio a fração vencedora recebe os bitcoins da fração perdedora, após um período de tempo um novo sorteio é realizado oferecendo a possibilidade de quem ganhou no último sorteio possa ganhar novamente, deste modo o consórcio permanece sempre ativo e consistente. A teoria dos jogos mostra que a estratégia dominante é de sempre permanecer no jogo até a realização dos lucros, porém isso probabilisticamente não ocorre para todos os indivíduos ao mesmo tempo, impossibilitando o momento Minsky, e a crise do crédito.
Deste modo esse texto é uma reflexão hipotética de como solucionar o grande problema do Bitcoin, que são as crises cíclicas, mediante o uso de um consórcio financeiro, que promoveria ganhos por meio de crédito sem alavancagem, consequentemente sem risco financeiros endógenos. Esse crédito impulsionaria a demanda pela moeda e faria com que o seu preço subisse, e por conseguinte sua deflação seria observada, o preço flutuaria com tendência de alta. A flutuação positiva faria com que os comerciantes adotassem a moeda, onde os ganhos oriundos do crédito possibilitaria, em alguns momentos, descontos em seus produtos com o propósito de obter ainda mais criptomoedas. Em um segundo momento a utilização de bitcoins nas comprar do dia a dia seria cada vez mais constante e abrangente, reduzindo as flutuações no preço do Bitcoin mediante a agressiva redução da especulação, assim evitando as crises cíclicas atuais.
Obviamente esse texto não está completo e
muito provavelmente pode haver falhas nas conjecturas e suposições, deste modo apreciaria muito, conselhos e principalmente críticas sobre este texto nos comentários deste fórum.